Tempos e Signos paraenses em Brasília

Em 2003 ganhei um presente, meio torto devido às circunstâncias, de levar uma exposição de arte contemporânea para o Museu de Arte de Brasília. A exposição, denominada Tempos e Signos, teve como impulsionador inicial Bené Fonteles que visava um conceito: levar a produção contemporânea paraense, uma seleção de artistas que pudessem dar um panorama do que se produzia em Belém. A meu cargo ficaria a parte de produção e captação, ao Bené a articulação do projeto junto aos órgãos competentes de Brasília.

Infelizmente ou não, alguns do grupo se entusiasmaram tanto com o projeto, além de não entenderem o limite da amizade e do profissionalismo, ao ponto de comprometer a exposição com posturas que beiraram a insanidade. Bené, nesse ponto, não quis interferir e simplesmente me disse que a pauta no MAB já estava reservada, que caberia a mim decidir se seguiria ou não com o projeto. A essa altura eu já havia comprometido tempo, esforço e contatos para garantir uma série de apoios culturais (bons tempos em que a gente conseguia apoio simplesmente com um projeto convincente na mão e articulação!). A bem da verdade, o projeto orçado conseguiu captar apenas metade do valor e foram necessários malabarismos para que a coisa acontecesse: despachar obras de arte no bagageiro de avião, dormir na casa de desconhecidos, eu mesma fazer a arte dos impressos e a montagem da exposição. Mas havia o compromisso, e eu sou do tipo de me ferrar mas fazer cumprir o que me proponho a fazer! E fiz!

Claro que a exposição não teve o formato idealizado por Bené, por completo. Com a saída de dois, entraram outros dois que vieram como uma bênção para dizer "é isso mesmo, vê, vai tudo dar certo": Dina Oliveira e Emmanuel Nassar aceitaram participar dessa coletiva ao lado dos demais artistas, Murilo Nascimento, Dumas e Ligia Arias. Inseri na proposta os trabalhos em videoarte de Klinger Carvalho/Peter Roland, Alberto Bitar e Armando Queirós, pois não poderia falar de arte contemporânea àquela altura sem mostrar os experimentos paraenses nesse momento. Nem tampouco a música paraense, que era o fundo da exposição, com trabalhos de Marco André, Lia Sophia, entre outros. Sem corujisse, mas me deu orgulho ter feito essa exposição. Me rendeu até um artigo (a partir da página 16)!

O Museu de Arte de Brasília é lindo, à beira do Paranoá, e tem um acervo especial de arte contemporânea,  Cildo Meireles, Siron Franco, Ernesto Neto... entre tantos! Ter doado algumas obras paraenses para compor aquele acervo foi uma contribuição extra na qual todos deveríamos nos orgulhar.
Há seis anos o MAB está desativado e seu acervo recolhido no Museu Nacional de Brasília, sob a direção de Wagner Barja. Precisa-se fazer algo urgente para que esse acervo retorne dignamente à sua casa. Para tanto há um abaixo-assinado on line solicitando providências ao Secretário de Cultura do Distrito Federal sobre a situação do Museu de Arte de Brasília, o MAB.
Vamos assinar, divulgar, reativar o MAB, pois é uma luta que realmente vale a pena!

"Por que isto é importante

Os artistas plásticos e demais trabalhadores do setor das artes do DF, apelam para os companheiros da mesma área residentes em outros estados do Brasil e do mundo para voltarem sua atenção para a situação caótica na qual se encontra o histórico Museu de Arte de Brasília/MAB.

O referido patrimônio encontra-se fechado, sem condições de abrigar o seu magnífico acervo de arte contemporânea brasileira há mais de 6 anos. O acervo do MAB encontra-se atualmente sob a guarda do Museu Nacional de Brasília e conta com expressivas obras da atual arte contemporânea brasileira. São mais de 1500 obras entre tantas de artistas consagrados tais como: Cildo Meirelles, Beatriz Milhazes, Elder Rocha Filho, Elyeser Szturm, Waltércio Caldas, Xico Chaves, Iberê Camargo, Palatinick e tantos outros que constituem a nossa rica cultura visual.

Por esse motivo organizamos esse abaixo assinado com a exclusiva intenção de revitalizar esse importante patrimônio cultural que nos é de direito."

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