Velhas doenças, novas panaceias

A discussão pelo BRT-Belém x Ação Metrópole tem feito cutucar feridas antigas.
Não é num passe de mágica e ilusionismo que o transporte público de Belém será resolvido. Nenhum factóide tem o poder de, por mais que repetido, se tornar verdade e solução, desculpe-me, por maior que seja o marketing, o out-door, a mobilização de focas para aplaudirem o discurso que lhes foi jogado goela abaixo, como sardinhas!
"A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.” (Karl Marx)
Já estamos muito além disso, caro Marx...
Não podemos mais aguentar a falta de gestão pública e desídia em relação ao transporte de Belém, afinal, aqui não é uma cidade grande, é uma selva de canibais revisitada, onde vereadores e gestores destrincham e compartilham pedaços da urbe, como se fossem espólios.

Ontem na audiência pública na OAB-PA, ao citar minha condição de mosqueirense, mais uma vez ressurgiu da tumba o projeto da ponte para Mosqueiro via Caratateua.
Réia Lemos, do Grupo É Agora Belém, registrou através desta postagem seu posicionamento:

"Belém/Mosqueiro via Icoaraci e Outeiro: Cadê a ponte Dudu?
Até o momento a promessa da ponte ligando Mosqueiro a Outeiro, feita pelo prefeito de Belém, Duciomar Costa de encurtar a distância e o tempo de acesso até Belém, para muitos, não passou de um "factóide oficial
da Prefeitura de Belém".
O prefeito, enrolado até o pescoço com notícias de denúncias, principalmente vindas da área de saúde municipal, teve um bom motivo em 2009 para tentar desviar o foco da grande imprensa e de seus opositores - anunciou a construção de uma ponte Outeiro-Mosqueiro no valor de 300 milhões de reais. Tal projeto estaria pronto em abril de 2009. O resultado dessa promessa é que não se viu mais nenhuma notícia sobre a nova ponte por parte da prefeitura e muito menos do projeto.

Aliás, nesse período, a única notícia que tivemos foi a construção e inauguração de uma ponte para Mosqueiro. É isso mesmo! Porém, o Mosqueiro privilegiado é outro, o de Aracajú no Estado de Sergipe, conforme postagem deste blog acima" (fonte Blog do Mosqueiro)

Minha posição, exposta no Facebook, sobre esta ponte é esta:

Mais um projeto cheio de equívocos! E que por isso só vai sair do papel daqui há décadas, se sair. A história da ligação via Caratateua é anterior à construção da ponte do Mosqueiro, porém a batimetria neste ponto (Baia de Santo Antônio) é algo que encarece muito a ponte (dados acessíveis no livro Belém Ilhas e Vilas, de Augusto Meira Filho), além da ligação cortar duas áreas de preservação ambiental, uma em Caratateua (Outeiro) e outra em Mosqueiro.Um dia vai sair do papel, por conta do avanço técnico e da degradação ambiental. Mas até lá, defendo as ações de integração metropolitana, afinal os problemas de Belém vão além dos limites físico-político-administrativos da cidade.
De que adianta traçar uma risquinha amarela da Agulha ao Chapéu Virado?. O que Mosqueiro tem de infraestrutura que garanta o (in)consequente aumento de fluxo e crescimento populacional?
Vejam a mancha cor-de-rosa: indica ação antrópica, ocupação humana. O fluxo de ocupação é sentido leste. Vejam as grandes avenidas coloniais, os rios. Porque construir pontes? Porque são obras físicas, se inaugura com plaquinha e foto (além dos 10%...). Um sistema de gestão de transporte integrado, com rede fluvial é a vocação da Amazônia, e só um gestor burro não vê isso. Não adianta colocar um barco que saia às 5 da manhã do Mosqueiro e retorne às 18h! Os ônibus saem lotados de São Bras para Icoaraci, Outeiro e Mosqueiro!
Interligar os sistemas, de forma que as pessoas não se desloquem por terra pela "Estrada do Maranhão" aberta por Pedro Teixeira, mas busquem o caminho dos rios, é a solução.
Já pensou, na hora do rush, pegar o contrafluxo e terminar a viagem pra casa vendo um por-do-sol? Poesia? Claro que não!

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