O Carnaval está chegando...

Mais um Carnaval vem chegando. Mais uma vez fui convidada a ser jurada do concurso oficial de Belém.
Como eu digo: não vou pelo dinheiro, vou por prazer! Prazer em exercitar o que todos nós fazemos a frente de um televisor, apontando sugestões e observando defeitos. Prazer em ser uma minoria tão ínfima a observar o trabalho de tantos. Prazer em estar fazendo o que meu velho mestre Maurício Salgueiro fez durante anos, analisar uma obra plástica e simbólica como o Carnaval com as ferramentas mais simples - e por isso mais eficientes - da alfabetização visual. Prazer em estar no meio de gente com quem tenho tanto a aprender. Prazer em reafirmar a crença que na vida a gente precisa de muito pouca coisa para estar alegre e comemorar.
"A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar
Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe
E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade"
Nada do que o que eu possa receber como remuneração paga o que assimilamos em entusiasmo e paixão daqueles que produzem o Carnaval. E não estou falando das grandes escolas do Rio ou São Paulo, as de Belém! Tão pouco valorizadas porque as pessoas não sabem ver sem comparar com o grande espetáculo que as redes de televisão, com suas milhares de câmeras, selecionam transmitir...
Sim, eu vi escolas de samba no Rio e na dispersão ou na concentração são iguais a qualquer lugar. Vi ensaios de blocos, vi barracões e todos são mágicos e plenos de energia. O que falta em Belém é a população acreditar nisso e ir assistir ao desfile, na passarela ou na arquibancada (que ao contrário do Sambódromo do Rio, aqui é gratuita).
Sob a austeridade do papel de jurada, me divirto muito: são cenas nas arquibancadas, são sambas maravilhosos, soluções plásticas inimagináveis, desfiles de arrepiar!
Mais uma vez vou à maratona de reuniões. Mais uma vez passarei noites em claro e não verei a Portela, Mangueira, Caprichosos, Viradouro ou Beija-Flor porque estarei observando todos os detalhes das alegorias, fantasias, ala a ala, das Escolas de Samba de Belém. E no fim, ainda ganho por isso!

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