Sobre a brevidade da vida

Acabei de ler o livro de Sêneca, Sobre a brevidade da vida, e recomendo. Na capa da edição que comprei , uma frase de Denis Diderot antecipa que "esse tratado é lindo: recomendo sua leitura a todos os homens". Então, se não quiserem ir pela minha opinião, respeitem a do pai da Enciclopédia!
Não fala de morte, embora também fale, mas de vida. Não dá receitas, mas a gente termina com a sincera sensação de que aprendeu a viver. É um livro divertido, gostoso mesmo, embora cheio de referências e profundo.
O que mais me fascinou foi a relação que ele estabelece entre a vida e o tempo. Em vários momentos, e por várias metáforas (adoro elas!) Sêneca constrói algo como a 'teoria filosófica da relatividade', articulando passado-presente-futuro como componentes da equação fatal da brevidade da vida.
Uma das passagens, que não resume o livro, mas ilustra é:

"Muito breve e agitada é a vida daqueles que esquecem o passado, negligenciam o presente e temem o futuro. Quando chegam ao fim, os coitados entendem, muito tarde, que estiveram ocupados fazendo nada."

Há quem ache que procurar amigos antigos na internet, preservar casa velha, visitar museus e coisas desse tipo são perda de tempo. Talvez, se você faz essas coisas por colecionismo.

"Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la,
fitá-la,
mirá-la por admirá-la,
isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la,
isto é, fazer vigília por ela,
isto é, velar por ela,
isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso, melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que de um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve,
por isso se diz,
por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar."

(Guardar, Antônio Cícero)


Se faz pelo prazer do reencontro, pela busca de compreender algo que ficou latente mas escondido dentro de você, para reconstruir um novo ciclo para que o seu futuro ganhe horizontes diferentes, creio que valeu remexer o passado.

Hoje tive um dia tenso, mas, no final, gratificante. Resgatei alguns desses horizontes: grandes bons amigos surgiram no Orkut, Facebook, Msn; longos papos pelos messengers, especialmente com minha 'sobrinha adotiva' Gabriela. Esses momentos mágicos, reconheço a mão de minha eternamente irmã: apesar de tudo que passou, acredito que ela soube viver, mais que muitos que continuarão sobre a Terra.

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