Ê Minas, ê Minas...

Foi em 1986. Eu estava lá, sentada e chorando na platéia do Teatro Municipal de Ouro Preto, ouvindo Desenredo no fim do 1º Seminário Brasileiro de Música Instrumental, interpretado por Toninho Horta.

Tem momentos na vida da gente que não há como voltar, reviver: são únicos.

Aquela semana eu estava em Ouro Preto, como um hábito de estar. Estava com amigos especiais. Coisas simples e divinas aconteceram, como conhecer pessoas, dividir o cobertor com um amigo, ver estrelas em noites frias, cantar um improviso com músicos maravilhosos na república da rua dos Paulistas e ouvir a gravação feita em K-7. Andar nas ladeiras de Ouro Preto e ao virar a esquina encontrar um quarteto de cordas acompanhado por um pandeiro e uma gaita: nunca poderia-se pensar tanta perfeição!

Depois disso nunca mais pisei em suas pedras, mas revivi seus sonhos, compartilhei lembranças, registrei indelevelmente em minha alma o espírito mineiro que me acompanha. Sei que nunca mais viverei essa paixão que me consome, mesmo que retorne a todos os cenários das minhas lembranças. Sou mais um José, qualquer, de quer ir para Minas, mas a minha Minas não há mais.

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